Há milhares de anos, povos do longínquo Oriente (China, Japão, Coréia, Vietnam) tratam suas doenças por meio de drogas naturais e também utilizando finas agulhas de metal, que introduzem em diferentes pontos do corpo. A palavra acupuntura deriva do latim (acus, agulha; punctura, punção, espetadela) e foi introduzida na Europa pelos missionários jesuítas que viram praticar o método durante sua estada na China, há três séculos. Em chinês, o processo se chama Tchen-tziú (em japonês: Shinkiú) que significa literalmente: agulha e moxa.
Para um observador desprevenido, esse processo deve parecer não só estranho como inexplicável. Como é possível curar doenças enfiando agulhas? Se, pelo menos, contivessem ou injetassem algum medicamento, a explicação viria por meio da substância injetada.
Para quem conhece e pratica essa estranha terapêutica, o assombro é inesgotável, não porque ignore a teoria do método, mas porque os resultados da experiência transcendem a teoria, tornando-a insuficiente. Tem-se continuamente a impressão da tremenda energia e inteligência da matéria viva, toda teoria é insuficiente.
Contudo, os chineses valeram-se de uma teoria, sem o que não teriam podido aperfeiçoar continuamente seu notável método. A teoria serviu-lhes para que se orientassem no complexo vaivém da energia viva, como a bússola (que eles inventaram) serviu-lhes para não se perderem na imensidade dos oceanos. Nem a bússola significa um conhecimento absoluto dos mares, nem a teoria chinesa revela o mistério último da vida. Uma e outra são, contudo, instrumentos imprescindíveis.
Para compreender a acupuntura, é preciso que seja mostrada tal como a entendiam os chineses da Antiguidade.
Os chineses espetavam suas agulhas em pontos especiais com o objetivo de dirigir a energia. Segundo eles, a energia vital, presente em todas as partes e que não é outra senão a energia cósmica circula no organismo através de condutos que eram chamados chings, e que nós denominamos meridianos. Esses meridianos percorrem a superfície do corpo ao longo dos membros, do tronco e da cabeça; em sua trajetória, situam-se os pontos. A energia, que eles pretendem dirigir mediante a punção dos pontos, mostra-se sob dois aspectos distintos, opostos entre si, mas na realidade, complementares: Yin e Yang. Para que exista saúde é imprescindível um perfeito equilíbrio entre Yin e Yang. Um excesso de Yin ou de Yang, uma insuficiência de Yin ou de Yang, significam a doença. A doença, segundo os chineses, é, pois, nada mais nada menos do que um simples desequilíbrio energético. Portanto, curar uma enfermidade significa restabelecer o equilíbrio energético alterado.
Fonte: O que é acupuntura? – David J. Sussmann – Circulo do livro – 1972.
